Foz do Tejo
Águas dormentes
Brilhos de cristal
Veleiros rumando
Como cisnes de marfim
Gaivotas livres em céu aberto
Caladas, discretas, sem pressa…
Prateia o Rio
Quando o Sol sorri
Tejo das caravelas
Dos sonhos do além mar
Viagens silenciosas
Com medo das trevas
Esperanças no luar
Águas que ondulam tranquilas
Num equilíbrio subtil
Olho-as, embevecida
Entre sono e sonhos
Deixo o rio penetrar em mim
Corre apressado ou lento
Cobri-o o Sol alaranjado
Das ondas sobem lamentos
Espumas de esperança
Carícias de beijos
Força de viver
Posso sempre vê-lo
Nada dissipará este encanto
Bebo coragem na força das suas águas
Desvendo lembranças
Olhando a sua imensidão
O rio corre sem tempo
Na sua longa viagem
Silencioso, só, sem medo
Deixa-se contemplar
Sonha com o sonhador
Águas transparentes vão e voltam
Sobem e descem
Revoltas ou mansas
Sempre deixando um murmúrio
De sofrimento, alegria
Desilusão ou esperança